A História da Lambada: Ritmo, Raízes e Explosão Mundial
- Carlos Antonio da Silva
- May 25
- 3 min read
A História da Lambada: Ritmo, Raízes e Explosão Mundial
A Lambada é um dos estilos musicais e de dança mais marcantes da história brasileira, conhecida por seu ritmo envolvente, energia vibrante e movimentos sensuais. Ela nasceu na região Norte do Brasil, especialmente no Pará, nas cidades de Belém e Porto de Moz, e foi profundamente influenciada por uma mistura rica de ritmos como carimbó, merengue, cúmbia, forró, zouk, e outros sons caribenhos. No final da década de 1970 e início dos anos 1980, a lambada começou a tomar forma como um gênero musical próprio, com batidas contagiantes e uma linguagem corporal que atraiu milhares de dançarinos e músicos.
A explosão da Lambada no cenário mundial se deu, principalmente, por causa do sucesso estrondoso da música "Chorando se Foi", interpretada pelo grupo franco-brasileiro Kaoma em 1989. A canção, baseada em uma melodia boliviana, trouxe uma sonoridade tropical e romântica que encantou o público global. O videoclipe, gravado em cenários praianos com dançarinos usando roupas leves, saias rodadas e muito movimento de quadril, capturou a essência da lambada e ajudou a popularizar a imagem sensual e alegre da dança.
A conexão da lambada com o Caribe foi essencial, pois o gênero dialogava com outros estilos latinos como a salsa e o merengue, e usava influências musicais do zook antillhano (zouk caribenho) cantado em crioulo francês e francês. Essa fusão musical, junto com as letras em português e espanhol, possibilitou que a lambada cruzasse fronteiras culturais e ganhasse espaço em países como França, México, Espanha, Itália, Japão e Estados Unidos. O ritmo foi associado às praias brasileiras, ao calor tropical e à alegria do povo latino.
No quesito dança, a lambada se destacou por movimentos fluidos, circulares, com muitas rotações de cabeça, giros e um contato corporal próximo, enfatizando a conexão entre os pares. As danças de salão brasileiras como o bolero, o samba de gafieira, o forró, e a salsa influenciaram diretamente o estilo. As características principais das roupas refletiam o clima quente e o estilo de vida praiano: saias curtas e rodadas, tops leves e coloridos, tecidos fluidos e muito movimento. Isso não era apenas por estética, mas também funcional, facilitando os giros e a expressividade da dança.
A lambada era dançada principalmente em casas de show populares, festas ao ar livre, em praças, clubes e, muitas vezes, em praias e feiras culturais do Norte e Nordeste do Brasil. Porto Seguro, na Bahia, é um dos lugares mais importantes na história da lambada. Considerado por muitos como um dos berços da dança, Porto Seguro abriga até hoje diversos eventos, festivais e encontros que mantêm viva a tradição da lambada, reunindo dançarinos de várias gerações e partes do mundo. A cidade continua sendo palco de celebrações onde o ritmo é ensinado, vivido e reinventado, mantendo viva a identidade cultural da lambada.
Alguns dos cantores mais icônicos do movimento incluem Beto Barbosa, considerado o "Rei da Lambada", e a banda Kaoma. Também se destacaram artistas como Sidney Magal, Alobened, Chico Malta, Companhia do Calypso, e muitos outros que contribuíram para a permanência do ritmo. A lambada, mesmo depois de sua explosão internacional, nunca deixou de ser dançada. O que ocorreu foi uma evolução técnica da dança, que passou a ser ensinada de forma mais estruturada e continua sendo praticada por uma nova geração de dançarinos e professores comprometidos com a preservação e renovação do estilo.
É importante destacar que, embora o Brazilian Zouk tenha se desenvolvido a partir da lambada, a lambada continua existindo como estilo próprio. Ela evoluiu tecnicamente, modernizou sua forma de ensino e prática, mas ainda carrega o mesmo nome e essência. A Lambada é mãe do Brazilian Zouk, mas continua presente e ativa, sendo dançada e ensinada em diversos lugares do mundo, inclusive com escolas e professores especializados. Hoje, ela é promovida tanto por nomes históricos quanto por uma nova geração que mantém viva a energia original desse estilo marcante.
A Lambada, portanto, não foi apenas um fenômeno passageiro. Ela plantou as sementes para o surgimento de novos estilos, ajudou a consolidar a imagem do Brasil como país da dança e continua sendo celebrada em festivais, shows e aulas ao redor do mundo. Ainda hoje, muitos dançarinos e professores mantêm viva essa tradição, revisitando suas técnicas, músicas e energia contagiante. A lambada é, sem dúvida, um capítulo inesquecível da cultura dançante brasileira.
E você, o que acha da história e da evolução da Lambada? Já dançou ou gostaria de aprender? Conhece algum artista ou música que marcou sua vida? Deixe seu comentário e compartilhe sua experiência com a gente!